sexta-feira, 30 de julho de 2010

KLB celebra uma década de sucesso: "A cada dia que passa a gente evolui mais"


Marília Neves, iG São Paulo

Dez anos depois de “A Dor desse Amor” estourar em todas as rádios, o grupo KLB está preparando um DVD comemorativo, que será gravado no fim do ano. Além disso, KikoLeandro e Bruno estão em plena produção de um álbum inédito. “Todas as bases estão prontas. A gente começou a cantar, mas quando estava no processo de colocar as vozes pra finalizar e começar a mixar, entrou a política. Nesses meses que faltam para as eleições, a gente preferiu parar o estúdio, porque, já que a gente não pode aparecer em TV e divulgar música, não tinha sentido a gente ficar dentro do estúdio pra nada”, explicou Leandro, que é candidato a deputado federal, enquanto seu irmão, Leandro, se candidata a uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Luciano Trevisan/Fotomídia
Leandro, Kiko e Bruno: a gravação dos CDs acontecem em estúdio musical próprio desde 2004

Românticos, na música e na vida, os irmãos do trio dizem que o novo trabalho terá a mesma essência que os outros lançados ao longo da última década. Se o estilo musical não mudou, eles garantem que o grupo amadureceu muito com esses anos de estrada. “A cada dia que passa a gente vai evoluindo e mostrando para a galera que aprendemos sempre”, afirma Bruno.

Com poucas horas de sono e arrumando as malas para mais uma viagem a trabalho, o trio recebeu o iG/Babado em seu escritório (que conta com estúdio fotográfico e musical) para uma conversa. Lá, eles contaram tudo sobre os 10 anos de estrada e as novidades que virão pela frente. 

Luciano Trevisan/Fotomídia
Kiko, Leandro e Bruno na sala onde guardam todos os discos que lançaram

O que mudou na música do KLB nesses 10 anos?

Kiko: Acho que a gente teve um amadurecimento natural, mas acredito que continuamos fazendo o mesmo tipo de música, que é romântico. Obviamente, o próprio papo muda, porque você amadurece. Então o que era um papo mais inocente, hoje é do cotidiano de qualquer adulto. E isso inclui relacionamentos, porque o KLB faz música romântica. A gente se auto-intitula, desde o primeiro disco, como pop-rock-romântico. Algumas pessoas hoje me falam ‘pô, aquela música que você gravou é sertanejo’. Meu amigo, o sertanejo é que está parecendo a gente. Eu adoro música sertaneja. Eu tenho um conhecimento do sertanejo que muitos dos sertanejos não têm. O sertanejo que é dito como sertanejo hoje é romântico. Mas, enfim, voltando à sua pergunta (risos)... o que mudou foi um amadurecimento mesmo.

Leandro: Mudou também a experiência que a gente adquiriu naturalmente nesses dez anos, a vivência do dia-a-dia.

Bruno: A estrada é um ensaio. Você está tocando, você muda seu jeito de cantar, seu jeito de tocar. Às vezes você vira um robô das músicas, porque acaba fazendo a mesma coisa nos shows. Mas pra não ficar repetitivo, eu acabo mudando algumas coisas. Só para não ficar na mesmice. E acho que o entrosamento de nós três. A cada dia que passa a gente vai evoluindo e mostrando para a galera que aprendemos sempre.

Luciano Trevisan/Fotomídia
Bruno, o caçula do KLB, cresceu e amadureceu com os anos de estrada


E o que mudou em cada um de vocês?

Bruno: Mudou a voz, fiquei com um pouquinho mais de barba na cara (risos). Acho que a experiência de vida mesmo. A estrada é uma lição muito grande. Você vive cada dia em um lugar, vendo pessoas diferentes, culturas diferentes. E isso te dá um aprendizado gigantesco. Coisa que você não aprende em escola.

Leandro: A cada dia, praticamente, a gente está em uma cidade diferente, num estado diferente. A gente convive com pessoas diferentes a todo o momento. É uma experiência que nenhuma escola do mundo te dá, é só você vivendo mesmo. Fico muito grato por poder ter essa vida. Fazer o que eu gosto, o que eu amo, e ainda ser remunerado por isso. Isso é um privilégio pra gente. Se eu fosse contar todas as experiências que a gente teve, ficaria por mais 10 anos contando.

Vocês amadureceram e cresceram diante do público. Sentiram falta de fazer alguma coisa que é comum dos jovens e que vocês não puderam por estar na mídia? Ir na balada, beber, ‘pegar’ a mulherada, ir no cinema, no shopping...

Kiko: Não, porque eu não bebo. Mas não senti falta de nada não. Na verdade, o que eu tive foi um privilégio. Em um país com cento e noventa e pouco milhões de habitantes, quantos são famosos, tratados pelo nome com carinho e amor? Quantos? Pouquíssimos. Então acho que isso é uma dádiva mesmo. É um presente, um privilégio. Eu nunca deixei de fazer nada. Obviamente que a gente têm restrições. Não dá pra chegar e sair na 25 de Março em época de Natal. Esse tipo de restrição, sim. Mas eu sempre procurei restringir as restrições. Sempre procurei ter a vida mais normal possível. Se bem que, eu deste tamanho, com 2,02 metros, só se eu ficasse fantasiado de poste, não tem jeito.

Bruno: Nunca deixei de fazer nada, nunca me poupei de nada do que eu quis fazer. Tive uma infância muito boa, aproveitei cada momento, cada segundo, e quando comecei a trabalhar, com 15 anos, em vez de estar em casa, no shopping, no cinema, com o pessoal na escola, eu estava viajando. Era a coisa que eu queria, que me fazia bem. Pra mim, não foi nada difícil. Hoje, coisas que eu não gostava muito, como ir ao cinema ou ao shopping, eu até sinto falta. É meio psicológico. Já que não é tão fácil de fazer essas coisas, fico com vontade (risos).


Leandro: Se quisesse sair, eu saía. Teria assédio, mais sairia. Você não fica proibido de fazer as coisas. Tem que fazer aquilo que você acha que é certo. Você chega aos lugares e as pessoas querem te abraçar, te beijar, gostam gratuitamente de você. Eu sou fã de muita gente, sei como é. Hoje, num mundo onde tudo é moeda de troca, você receber gratuitamente esse carinho, só pela música que você faz... Não me lembro de ter me privado. Tudo o que quis fazer, eu fiz.

Luciano Trevisan/Fotomídia
Leandro: "Fico muito grato por fazer o que eu gosto, o que eu amo, e ainda ser remunerado por isso"


Existem brigas entre vocês enquanto estão trabalhando? Afinal, antes de músicos, vocês são irmãos...

Bruno: Têm. Têm discussões, não brigas. Às vezes eu discordo de alguma coisa, ou eles discordam de algo que eu sou a favor. Mas tudo tem uma votação. Somos três, e essa é a vantagem. Nunca dá empate. O que a maioria quiser optar, a banda toda compra.

A maioria das músicas de vocês fala de amor, paixão, romance. Vocês são românticos também?


Kiko: Sou, sou. Na verdade, é estranho falar que sou romântico. Eu sou, mas depende do que você também encara como romantismo. Se romantismo se resumir a mandar flores, então não sou. Na verdade, o romantismo real está no cavalheirismo, na maneira como você trata a mulher, na maneira como você lida, o respeito, a educação, o carinho. Sou uma pessoa que tenta ser o melhor possível. Acho que a gente também retrata no nosso trabalho aquilo que a gente é. Então não teria como eu ser um completo alucinado cantando isso, não ia nem combinar. Não orna.

Bruno: Todos somos românticos, né? Por mais que a gente dê uma de durão, acaba sendo romântico. Romantismo é mundial. Luis Miguel, por exemplo. Quem não gosta? Pode até não ter coragem de ouvir na frente das pessoas. Mas duvido que num momento em que você estiver gostando de alguém e escutar a música, não vá te tocar. É do ser humano.

Leandro: O cara pode ser um assassino, ele ama alguém, ama a mãe, ama o filho, o cachorro. Isso faz parte da vida. Umas pessoas, infelizmente, levam para o mal, e outras pessoas assumem e vivem o que é bom. Romantismo não é só entre o homem e uma mulher. Talvez esse seja o principal. Mas acho que é você estar de bem com a sua família, tratar bem, não menosprezar ninguém nunca e fazer sempre o bem.


Falando em família, quando sai o casamento com a Natália Guimarães?


Leandro: A gente não marcou nada. A vida vai falar a hora certa. Ter filho também. É uma decisão que vem naturalmente, não existe nada forçado. Vamos deixar acontecer, com o tempo. Não temos planos, mas ela é uma pessoa muito especial e que eu respeito muito.

A primeira canção de vocês foi “A Dor deste Amor”. Ao longo desses anos, vocês já sofreram a dor do amor?

Bruno: Estou sofrendo sempre...

Kiko: Pra caramba! Quem não sofreu é mentiroso. Já achei que ia morrer literalmente. Aliás, eu até tenho esse lado um pouco mais sofrido. Eu nunca quis namorar. Queria curtir, ficar na boa. Enquanto eu achei que estava nesse momento, fiquei na minha, curtindo. Então comecei a namorar com 20 anos. Imagina, depois de todos esses anos, quando estava tudo lindo, maravilhoso, fantástico, ela sofreu um acidente de carro e faleceu. Isso foi uma coisa que me mudou muito. Eu me fechei muito, me enrijeci com muitas coisas. Ela era bailarina do Zezé di Camargo e Luciano. Foi duro, foi triste, foi pesado. Aquilo me fez crescer, amadurecer, enxergar algumas coisas diferentes da vida. Quando as pessoas me dizem para dar uma frase, eu digo: ‘viva cada momento como se fosse o último’. Eu faço isso da minha vida hoje. Fiz uma música pra ela (“Ainda Vou te Encontrar”) que foi uma das mais comentadas do primeiro disco. Foi uma música difícil porque as pessoas pediam para eu cantar a toda hora. Já estava pegando raiva de tudo e de todos porque, enquanto os outros queriam fazer historinha, eu estava sofrendo. De dor de amor, essa foi o primeira, na ponta do queixo.

Leandro: Acho que já sofri de amor. Nada dessas psicoses que a gente ouve nos jornais hoje em dia. É mulher matando o homem, homem matando a mulher. Nem por amor e nem por ódio. Não existe nenhum sofrimento no mundo que lhe dê esse direito. A gente vive, obviamente, vários casos, namorinhos, ficadas, coisas sérias ou não. É a vivência normal de qualquer um. A gente fica chateado por qualquer coisa, mas chegar a sofrer por amor, eu acho que não. Pelo que dizem o que é sofrer, não! Graças a Deus! (risos).

Luciano Trevisan/Fotomídia
Kiko: "Se romantismo se resumir a mandar flores, então não sou romântico"

De todos os álbuns de vocês, existe um preferido? Pelo momento, pela música ou pelo sucesso que gerou?

Bruno: Esse último que a gente nem acabou ainda. Estou estreando no arranjo das músicas. E tem uma música que a gente vai gravar em inglês que eu conheci em uma igreja em Orlando, nos Estados Unidos. Eles cantaram e, quando escutamos, resolvemos gravar. Acho que ela dá um diferencial importante no disco. Hoje esse disco já está marcante pra mim. Com certeza, mais pra frente, vai marcar ainda mais.

Leandro: Para mim, são todos os álbuns, não tem como. Eu me lembro de cada minuto no estúdio, cada momento de seleção de repertório, cada dificuldade, todas as faixas que gravei em estúdio, lembro dos lugares. São todos, mas se fosse dar preferência para algum, talvez por justiça, eu daria para o primeiro porque foi novidade, tanto para o público quanto para nós mesmos. Acredito até que o primeiro não foi o mais difícil. Os outros são mais difíceis porque manter o que você conquistou é muito mais complicado. Você pode dar um tiro no ar e acertar uma pomba. Mas e aí? Você vai conseguir acertar todas as pombas? Daria o título para o primeiro por ser o primeiro, mas os outros têm o mesmo mérito.

O que os fãs podem esperar do novo álbum? 

Bruno: É o KLB de sempre. A gente quis buscar um pouco do primeiro disco, com músicas eletrônicas. E muita qualidade. A gente zela muito por isso. Tanto é que a gente está gravando o disco há uns quatro, cinco meses. Se você pegar todos os discos do KLB vai ver que teve um carinho ali.

Leandro: Com o DVD, obviamente, será o resumo dos 10 anos. Então têm músicas do primeiro até o mais recente, e músicas inéditas. Além disso, músicas românticas, como sempre teve. As mesmas levadas, o pop-rock que a gente tem feito também, mas com letras falando de amor, que é universal. Essa é a verdade. Não adianta você chegar e começar a inventar. Tem que fazer aquilo que é a sua verdade. A essência do KLB nunca vai mudar. Daqui a 50 anos você vai ouvir e falar: ‘é o KLB’.


Fonte: Babado